Lei libera visita de animais a internados em hospitais. E o risco de contaminação?

Legislação que já vigora em Suzano abrange diferentes tipos de hospitais. Mas um especialista aponta cuidados que deverão ser tomados para as visitas.

Já está vigorando, em Suzano, a lei que libera a visitação de animais domésticos e de estimação em hospitais privados, públicos, contratados, conveniados e cadastrados no Sistema Único de Saúde daquela cidade. A legislação, de autoria do vereador Marcel Pereira da Silva, o Marcel da ONG (PTB), permite que pacientes internados recebam visita dos seus animais de estimação, que devem permanecer na casa de saúde “por período pré-determinado e sob condições prévias”.

Ao justificar sua proposta, o vereador suzanense avalia a “transcendência dos animais na vida dos seres humanos e no auxílio na qualidade de vida, inclusive daqueles que necessitam de algum tratamento médico”, citando ainda os casos de zooterapia, em que se usam animais para ajudar na recuperação e convívio das pessoas com problemas físicos, emocionais e psicológicos. Na maioria dos casos, a relação com os animais, ajuda a dar tranquilidade, bem-estar e melhor da autoestima do paciente.

A lei define animal doméstico e de estimação como “todos os tipos que possam entrar em contato com os humanos, sem proporcionar qualquer perigo, além daqueles utilizados na terapia assistida de animais, como cães, gatos, pássaros, tartarugas, coelhos, hamsters e outras espécies”.

A legislação estabelece ainda que a entrada de animais para visitação a pacientes internados deverá ser previamente agendada junto à direção do hospital e somente poderá ocorrer em companhia de algum familiar do paciente ou pessoa que esteja familiarizada com o animal.

Para o ex-secretário municipal de Saúde de Mogi e atual diretor do Hospital Santa Maria, em Suzano,  Marcelo Delascio Cusatis, o Teo Cusatis, “para hospitais que tem como característica a manutenção do paciente internado por mais tempo, seja por complicações clínicas  ou pós-operatórias, eu considero viável e muito interessante. Há pessoas que são muito apegadas ao animal, muitos não têm filhos e apegam a animais de estimação. Isso ajuda na recuperação.”

No entanto, para quem veio fazer um parto rápido, ou uma cirurgia que permite obter alta e ir embora no dia seguinte, com internação de curto prazo, o diretor considera mais complicado, justamente pelo fluxo hospitalar.” Afinal, as pessoas precisam agendar para levar o animal, os hospitais precisam estar preparados para isso, o que tira a praticidade desse tipo de visita”, diz.

Teo Cusatis também afasta os riscos de contaminação pela presença dos animais e, por isso mesmo, diz que os hospitais terão de criar regras para que isso aconteça. “Para pacientes imossuprimidos, com imunidade baixa, pacientes portadores de doenças transmissíveis ou que possam debilitar o seu sistema imunológico, para aqueles em tratamento oncológico, eu acredito que não seja recomendada a visita dos animais”, afirma ele, lembrando que os procedimentos devem abranger desde limpeza até as regras das visitas.

Por exemplo, o animal poderá subir no colo do paciente? Terá de haver algum tipo de limpeza especial após a saída do bicho de estimação? Afinal, os animais são portadores de microorganismos que no dia a dia das pessoas não trazem problemas, o que pode não acontecer com um imunossuprimido, por exemplo.

O diretor do Hospital Santa Maria levanta outras exigências que poderão acabar existindo na relação entre animais e pacientes.

“Eu imagino que vá ter de existir um controle sobre a vacinação do animal, ou exigência de um laudo do médico veterinário atestando que o animal está em boas condições de saúde. Eu imagino que tudo isso deverá ser contemplado para se permitir a visita”, diz especialista em administração hospitalar.

Com Informações: O Diário de Mogi

Fechar Menu