Governo de SP bloqueia uso de redes sociais nas escolas estaduais
Foto: Reprodução/Redes sociais

Governo de SP bloqueia uso de redes sociais nas escolas estaduais

As cerca de 5.500 unidades da rede estadual de ensino receberam um comunicado que suspende os acessos pelo wifi ou internet conectada para aplicativos como Facebook, Twitter, Instagram e TikTok, além de streamings como Netflix, Globo Play e Prime Video.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou o bloqueio do uso de redes sociais e streamings nas escolas estaduais de São Paulo. As cerca de 5.500 unidades da rede estadual de ensino receberam um comunicado que suspende os acessos pelo wifi ou internet conectada para aplicativos como Facebook, Twitter, Instagram e TikTok, além de streamings como Netflix, Globo Play e Prime Video.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirma que a restrição de acesso tem como objetivo “garantir um ambiente adequado para o aprendizado e evitar usos considerados inapropriados e/ou excessivos de redes, que podem prejudicar a qualidade da conexão e interferir no andamento das atividades pedagógicas”.

O texto da nota continua afirmando que a “Seduc-SP entende que existem outras formas de tornar a escola mais atrativa, como investir em tecnologia educacional de qualidade e em estratégias pedagógicas que engajem os alunos, além de promover atividades extracurriculares e culturais que estimulem o interesse dos jovens pela escola, sempre priorizando a segurança e o bem-estar de toda a comunidade escolar”.

No comunicado, a Secretaria de Educação disse, ainda, que apoia o uso de tecnologias e aplicativos na rede estadual e que, inclusive, está adotando novos recursos digitais para uso nas unidades escolares. Segundo a pasta, apesar da restrição, existem várias ferramentas que poderão continuar sendo utilizadas, como o Centro de Mídias e aplicativos do Google, o Google Classroom e Google Docs.

Contradição: currículo paulista prevê uso de redes sociais

Professores afirmam que o bloqueio só foi comunicado após o início das aulas na rede estadual, depois eles já tinham feito todo o planejamento das atividades pedagógicas que desenvolveriam ao longo do ano letivo. Além disso, os profissionais destacam que a restrição acontece precisamente no momento em que as disciplinas preveem o uso dessas tecnologias em sala de aula.

Eles ressaltam, ainda, que a restrição imposta pelo secretário de Educação Renato Feder prejudica o trabalho em sala de aula, já que o próprio currículo paulista (documento que orienta o que deve ser ensinado nas escolas) prevê, em várias disciplinas, a discussão e atividades utilizando redes sociais que fazem parte do dia a dia dos alunos.

Além de ir contra o que determina o currículo paulista, a medida também é contrária ao que ocorre em escolas da rede particular, onde o uso de redes sociais se tornou parte de atividades pedagógicas para buscar atrair a atenção dos estudantes.

Os professores relatam que utilizam as redes sociais para trazer situações e exemplos do cotidiano dos alunos, como por exemplo, a discussão sobre fake news e os cuidados necessários ao se informar em redes sociais.

Na opinião dos docentes, a restrição não vai impedir que os alunos utilizem as redes sociais em sala de aula, ao mesmo tempo em que vai prejudicar o uso pedagógico delas, já que não poderão mais ser acessadas pela internet da escola. Como nem todos têm acesso à conexão, não poderão mais realizar atividades nesse formato.

Medida antidemocrática

Para a professora do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e pesquisadora da Rede Escola Pública e Universidade (Repu), Ana Paula Corti, a medida tem caráter antidemocrático e vem na contramão das principais práticas recomendadas para um ensino mais atraente aos jovens, além de ferir a autonomia dos professores na escolha das ferramentas de ensino.

Segundo ela, a medida também desconsidera o trabalho realizado pelas escolas, já que muitas unidades possuem perfis nas redes sociais para se comunicar com os alunos. “Foi pelas redes sociais que muitas escolas conseguiram manter o vínculo com seus alunos na pandemia e engajá-los para atividades. Essa descontinuidade é muito ruim para o processo pedagógico”, defende.

Com Informações: OCP

Fechar Menu